quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Ensaio.

desde criança, eu sempre preferi a solidão. acredito que ser filha única e ter uma família tradicional me transformou nesse alguém que prefere a própria companhia. passava a maior parte do tempo em casa, com minha querida avó, meus livros, minha tv e os meus pensamentos. o tempo foi passando e eu fui diminuindo essa necessidade de estar sempre só, me apoiei em algumas pessoas e me fazia refém das companhias. a adolescência, o medo de me sentir sozinha e o excesso de questionamentos e descobertas me fizeram querer ser diferente, querer ter amigos de verdade e querer fazer parte das coisas. mas o tempo passa e sempre mostra o quão você está errada nos seus quinze anos. com o tempo a gente vai percebendo quem está mesmo ao nosso lado, quem, mesmo na distância, em dias, meses sem contato, faz sua vida melhor. faz amar cada vez mais as noites em casa assistindo pela milésima vez o mesmo desenho. faz amar cada detalhe com cada pessoa.

não que eu tenha perdido o gosto pela solidão, muito pelo contrário. reconheço que preciso disso, todos precisamos. gosto de me perder em pequenos flashs do que já fui, sou e posso ser um dia. me perco pensando em como eu era antes, uma garota que sempre se achava dona da razão e não perdia uma justificativa. em como eu gastava meu tempo sonhando com as coisas sendo diferentes. em como eu gostava de gritar, de discutir, de gastar todas as minhas forças pra ter as coisas do meu jeito. hoje não tenho mais força pra isso, ser essa fortaleza me cansa, me traz mil consequências, vistas com clareza.

hoje eu só quero ser alguma coisa. ser mãe, ser filha, ser amiga, ser o que a vida pode me dar. não me acomodar, mas também não transformar tudo em um conflito. e o que eu posso ser, bom, só as coisas que eu faço hoje podem me dizer, afinal, o amanhã é feito das escolhas do hoje. e, no hoje, eu só carrego gente que me tranquiliza, me faz mostrar que mesmo na solidão eu tenho alguém. que mesmo no silêncio eu estou acompanhada. que mesmo em tardes de domingo eu posso sorrir e não reclamar da programação da tv. que não pensa como eu, mas que me entende, me vê como um ser único. que faz todos os meus textos fazerem sentido. faz com que todos os sorrisos tenham um porquê verdadeiro. faz com que eu simplesmente queira ser aquela solitária, que sonha com reencontros. os nossos reencontros.

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