domingo, 22 de dezembro de 2013

Caleidoscópio

Acorda com o mesmo calafrio com que fora pra cama. Os olhos cheios de remelas e borrados de maquiagem condenam. A boca carrega resíduos do batom vermelho. Levanta e toma um daqueles banhos de queimar a pele, pra desinfetar, pra limpar. Se arruma e sai pra mais um dia. Um dia daqueles.
Um dia pra se esquecer de tudo. Esquecer que existiu um passado e que existirá um futuro. Apenas se deixar levar pelo tabaco e pelo álcool (e talvez por algum alucinógeno qualquer). Se deixar dominar por qualquer um desses efeitos que as substâncias podem lhe causar. Um dia como qualquer outro. A rotina tem sido a mesma há tanto tempo. Entrou num daqueles mundos difíceis de sair, onde se vê a vida passar entre uma mesa de bar e outra. Entre seu reflexo nos olhos de tantos desconhecidos. Entre quartos de motéis. Entre ruas perdidas. Entre seus sonhos enclausurados que sempre parecem inalcançáveis. Apenas se perde. Se perde de si.

Seu sonho é se encontrar.

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